terça-feira, 13 de novembro de 2018

Sobre Imposição de Mãos
Um dos meus primeiros passos na espiritualidade foi um curso de Reiki. Assim, o texto fala sobre vivências, observações e auto-observações.
Já vi por mim mesmo, diretamente, que isso funciona, portanto meu interesse ao escrever esse texto não é criticar alguém ou alguma técnica; a intenção é abrir os olhos para algumas verdades, para a realidade dos fatos.
Dói! Dói muito mesmo, quando observamos a verdade, a dura realidade dos fatos; quando percebemos nossos enganos, nossos auto-enganos. A dor do arrependimento é algo inevitável no caminho do autoconhecimento. Mas, mesmos assim, o arrependimento é uma tomada de consciência; é, no final das contas, motivo de alegria.
Precisamos observar por que esses assuntos sempre causam discussão, debate; por que gostamos de discutir assuntos que não vão nos levar a lugar algum, assuntos sem transcendência que não vão nos trazer transformações reais e profundas, enfim, a evolução genuína.
Sobre Imposição de Mãos
Magnified Healing, Johrei, Reiki, Passes Magnéticos, Cura Prânica... Existem muitas técnicas de imposição de mãos, há muitos rótulos para isso, mas no fundo é a mesma coisa: imposição de mãos.
No campo da cura pelas mãos assim como no campo da religião, em que cada um acha que a sua denominação é a certa, portanto, a que salva, cada um acha sua técnica melhor que a do outro, seu “mestre” ou “iniciador” melhor que o da outra escola... É importante observar isso sem hipocrisia, pois até mesmo Sua Santidade, o Dalai Lama afirma que por muito tempo acreditou que somente o Budismo era o caminho.
É impossível negar que imposição de mãos cure, ou possa curar. A Bíblia é farta nesse tipo de relato. Jesus curava desta forma e também ensinou seus discípulos a fazerem o mesmo. Muitos outros mestres também faziam curas pelas mãos.
Jesus dizia que não era Ele quem fazia os prodígios, os milagres, e sim o Pai, que estava nele. Dizia Jesus que por Ele mesmo não podia nada, mas que era o Pai quem realizava por intermédio dele.
Muitas vezes acreditamos que somos nós que realizamos as curas quando elas acontecem. O ego quer todas as glórias para si. Não é a personalidade que cura, a personalidade nada pode, ela é apenas um acumulado de idéias sobre nós mesmos.
Não podemos nos servir dos necessitados para satisfação de nossos desejos, sentidos, necessidades de aceitação e auto-afirmação. Precisamos analisar a fundo dentro de nós se estamos verdadeiramente fazendo algo altruísta ou algo egoísta, se estamos agindo com a alma ou com o ego.
Achamos que não cultuamos mais a riqueza, a fama, o sucesso, pois somos espiritualizados. Não cultuamos mais os atores da televisão e do cinema, grupos musicais, bandas, cantores, milionários, grandes empresários, governantes...
Na verdade estamos apenas transferindo esta energia para outras coisas. Agora cultuamos personalidades de espiritualistas famosos e consagrados, pessoas com ditos graus iniciáticos, escritores que venderam muito, espiritualistas que aparecem na televisão ou falam no rádio, pessoas que provocam fenômenos mediúnicos ou paranormais.
Parece que pioramos, pois nossa capacidade de discernimento é menor ainda; acreditamos que evoluímos, estamos muito orgulhosos de nós, estamos cegos. Devemos acabar com o culto ao eu, à personalidade.
Gostamos de imaginar e fantasiar que somos grandes curadores, gostamos de fantasiar que fluímos boas energias, que somos poderosos; estas coisas são do ego. O ser só quer ajudar, sem esperar reconhecimentos ou agradecimentos. O ser age de forma desapegada, altruísta; quem quer algo para si é o ego com o qual nos identificamos.
Jesus dizia que aquele que quer ser grande, que o seja em servir; precisamos servir, servir com sinceridade, com desapego.
Sempre ao utilizar alguma técnica de imposição de mãos é preciso ter humildade, pedir licença ao ser da pessoa a ser tratada, pedir auxílio a ele. Também é preciso pedir auxílio aos que realmente podem fazer a cura, aos mestres da medicina, pois não podemos achar que nós é que fazemos, não somos auto-suficientes. É preciso ter devoção, humildade, reconhecer a nossa nulidade, reconhecer que nada podemos e suplicar para que possamos ser humildes veículos, se é que o importante é curar, auxiliar o próximo. Ao final se faz necessário agradecer a todos, pois não podemos apenas nos encher de glórias.
Não se pode sair atropelando a lei do Karma. É preciso pedir licença aos Senhores do Karma para que se possa ajudar o próximo, se este for possuidor de merecimento e se nós mesmos tivermos merecimento; mais uma vez é preciso humildade, devoção e veneração.
Para nós, nosso ego, nossa auto-importância e nosso amor próprio é mais importante o elogio, o aplauso, o reconhecimento, a satisfação dos desejos do que a cura, a melhora do cliente. Precisamos observar se não queremos glórias para nós.
Se queremos realmente ajudar os outros, precisamos acabar com as fantasias do ego de sermos grandes curadores. Estas fantasias geram boas sensações, sensações de prazer, status, mas embotam a mente; estas fantasias nos enchem de orgulho, de vaidade.
Devemos abandonar os rótulos, os títulos de sermos curadores disso ou daquilo, mestres disso ou daquilo, iniciados nisso ou naquilo; também são fantasias, também embotam a mente, toda identificação embota a mente.
Iniciação é um processo de uma ou várias vidas que pode culminar em um ritual ou prova, não é apenas um ritual. Iniciação é a vida retamente vivida.
De certa forma, batismo, casamento, entre outros tantos, também são iniciações, rituais de passagem. Mas precisamos prestar muita atenção a quem nos sujeitamos para rituais de “iniciação”.
As escolas de Mistério ou iniciáticas nos ensinam que mestre é todo aquele que concluiu a 5ª Iniciação de Mistérios Maiores. No processo de iniciações se começa como Chela, depois Lanú, Arhart, Buddha, Mestre.
Vejamos que uns se vangloriam de ser chefe disso ou daquilo, diretor desta ou daquela instituição, estar empregado nesta ou naquela empresa, embasam suas vidas nestas coisas. Nós nos vangloriamos de ser espiritualistas, iniciados, mestres; de estarmos nesta ou naquela escola, religião; é a mesma coisa. Temos que perceber que é a mesma coisa, temos que perceber nosso orgulho, nossa vaidade e trabalhar sobre eles.
Precisamos, ainda, observar a que estão ligadas as técnicas; precisamos olhar com sinceridade e honestidade quais são as idéias, os conceitos, os valores aos quais estamos nos associando. Idéias de que dinheiro esconde muitos dos nossos defeitos são como as tentações de Cristo no deserto. Somos tentados todos os dias a todo instante, não só pelos demônios externos, mas também e principalmente pelos nossos demônios internos, precisamos estar atentos.
Idéias de que não precisamos prestar atenção, não precisamos estar concentrados, que somos apenas canal, que nossas energias não influenciam, são falsas; isso não acontece assim.
É muito importante, mas muito importante mesmo nos prepararmos antes de utilizamos de qualquer técnica de imposição de mãos. Precisamos nos concentrar, orar ao nosso íntimo, nosso Ser, nosso Pai Interno, ao Cristo. Precisamos observar se não estamos com orgulho, vaidade e, com muita devoção e humildade, suplicar para que estes sentimentos não influenciem o trabalho.
Não devemos aplicar se estivermos sentindo raiva, mágoa, medo, ódio, se estivermos tristes, deprimidos, enfim. Não podemos aplicar em pessoas que não gostamos, pelas quais temos antipatia. É claro que todos nós temos nossas antipatias, não somos santos.
Más ações, maus sentimentos, más emoções mancham nossa aura e nossa aura suja contamina ou pode contaminar os demais.
Transmitir tais vibrações gera Karma, não é uma ação reta, não é um ato de amor. Se negarmos uma imposição de mãos quando estivermos em um estado destes estaremos praticando um ato de renúncia, de amor, mas temos que ser verdadeiros. Já sofremos por demais com os nossos Karmas, precisamos ficar atentos para não gerarmos Karmas novos.
Assim como devemos optar por um caminho, doutrina, escola, precisamos optar por uma técnica de imposição de mãos. Não podemos ficar “borboletando” entre técnicas e escolas, pois senão não seremos ajudados e não ajudaremos ninguém; é melhor nenhuma técnica e muito amor e intuição do que um monte de técnicas sem amor.
Precisamos observar a lei da atração: semelhante atrai semelhante. Desta forma, devemos observar o canal de que ou de quem seremos se estivermos cheios de egos; não somos santos, precisamos parar com estas fantasias.
Emanações a distância, emanações genuínas do coração, vibrações boas, orações... Devemos fazer isso sempre, não só para amigos, mas também para todos os que necessitam. Esta é uma forma de caridade verdadeira, caridade em fatos, caridade na prática.
Se quisermos ajudar os outros precisamos nos conhecer, nos autoconhecer profundamente, precisamos morrer em nós mesmos dia a dia, de instante em instante. Isso em si já é uma grande ajuda para o mundo, já é uma grande caridade. Assim estaremos não só ajudando os outros, mas ajudando em muito a nós mesmos.
É com o autoconhecimento, com o morrer em nós mesmos que vamos emanar amor, compaixão, atributos do ser e não da personalidade.
Paz Profunda,
Fabio Ferreira Balota
FUNDASAW - São Paulo
fabio_balota@fundasaw.org.br