“Desde garota, eu sofria com crises de asma. Elas se tornaram piores quando me
Um ano antes, havia visitado o país pela segunda vez e senti que lá era minha casa – como é até hoje. O problema é que passei a conviver com pessoas fumantes, as crises asmáticas se intensificaram e tive que ampliar a dose do remédio. Um dia o médico me disse que não aumentaria mais, pois haveria risco de um ataque cardíaco fatal.
Precisava encontrar uma solução, mas nunca imaginei que ela estaria na medicina alternativa, já que fui criada em meio a ciência moderna – minha mãe é farmacêutica, meu pai professor de física nuclear e eu me formei em física, ciência da filosofia e genética molecular. Depois de pesquisar diferentes propostas de alivio, descobri o reiki.
Em 1995, fiz um treinamento e comecei a me tratar. Um ano depois, não precisei mais tomar qualquer remédio nem consultar outro médico. Fiquei encantada com essa ferramenta de cura que por cinco anos fiz cursos.
Em 2000, justamente quando Israel passava pela segunda Intifada – a revolta dos palestinos contra os israelenses -, eu dava o meu primeiro curso. Durante o intervalo, um aluno me disse: ‘Reiki é maravilhoso. Se todo mundo pudesse aprender, não haveria mais Intifada’. A vida aqui é difícil. Já vi dois homens-bomba cometerem suicídio. Os palestinos acham que os israelenses ocupam suas terras e os israelenses sentem que esse é o único lugar do mundo onde podem viver com a certeza de que não serão hostilizados.
Dois anos depois do meu primeiro curso, um outro aprendiz me convidou a participar de um grupo de conversa pela internet e eu tive a oportunidade de conhecer melhor alguns palestinos. Como tinha estudado para enviar reiki à distância, muitas vezes participava de bate-papos fazendo isso. Sensível àquela energia de felicidade e equilíbrio, um palestino me disse que estava sentindo algo diferente do habitual enquanto conversávamos. Quando expliquei do que se tratava ele me pediu para lhe ensinar a técnica: ‘Quero difundi-la entre as pessoas do lugar onde eu moro para vivermos em paz com os israelenses’. Como mestre de reiki, percebi naquele instante que minha função era ajudar as pessoas a ser felizes.
Em 2003, fundei a Reiki for Peace, uma ONG que sobrevive de contribuições financeiras e que ensina o método às duas nacionalidades. Há um momento em que os grupos são mistos e peço para palestinos colocarem as mãos sobre israelenses e vice-versa. É uma forma de instruí-los tanto à cura quanto a ter confiança uns nos outros.
Muitos dos alunos palestinos são pobres e pagam pelas aulas repassando o método para as pessoas de suas comunidades.
Ao todo, são cerca de mil estudantes, com idades que variam entre 6 e 93 anos. Um deles é médico. Às quartas-feiras, na sua clínica, ele não prescreve remédios, somente aplica a terapia. Ter a ONG é um desafio, diversas das despesas são pagas do meu bolso, mas não penso em parar. Quero criar a paz entre eles”.
Depoimento concedido a Keila Bis
Revista Bons Fluídos Ed. 178 Ano 18 | Sessão Minha História
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